Mensagens autênticas e confiáveis na Comunicação Interna: uma ferramenta contra a desinformação

Mensagens autênticas e confiáveis na Comunicação Interna: uma ferramenta contra a desinformação

Em um cenário corporativo marcado pela velocidade da informação e pela crescente digitalização dos processos, a Comunicação Interna assume um papel estratégico na construção de ambientes organizacionais saudáveis e produtivos. Mais do que transmitir comunicados, ela deve ser capaz de criar mensagens autênticas e confiáveis. Isso gera conexão, engajamento e alinhamento entre colaboradores e liderança. No entanto, a proliferação de ruídos, boatos e informações distorcidas — muitas vezes impulsionadas por canais informais — representa um desafio significativo para as empresas. Neste contexto, autenticidade e confiança emergem como valores essenciais para fortalecer a cultura organizacional e garantir que o discurso corporativo seja percebido como legítimo e coerente. Este artigo propõe uma reflexão sobre como o RH e a CI podem atuar de forma integrada para combater a desinformação, promover mensagens autênticas e consolidar uma cultura organizacional baseada na confiança. 1. O que é autenticidade na comunicação organizacional Em entrevista ao portal Meio & Mensagem, Guy Kawasaki, conselheiro da Apple Inc, disse: “Se quer uma melhor imagem, trate de começar com uma melhor realidade”. Isso porque a autenticidade na comunicação organizacional vai além da simples transmissão de informações corretas. Ela está relacionada à coerência entre o discurso e a prática. De acordo com Vitor Morais, Diretor de Planejamento e Conteúdo na Supera Comunicação, a autenticidade é mais do que apenas transparência, consistência, empatia e escuta ativa. “Ela envolve criar mensagens que realmente conectem com as pessoas, usando narrativas envolventes, técnicas como storytelling, e dando voz a diferentes pessoas dentro da empresa — não apenas à comunicação institucional. É sobre usar uma linguagem mais próxima do dia a dia, criativa e inspiradora, que se destaque da comunicação tradicional e gere identificação genuína”, afirma. Quando a comunicação é autêntica, os colaboradores percebem que há verdade nas mensagens, o que fortalece o vínculo com a empresa e aumenta o engajamento. Isso é especialmente importante em tempos de mudança, com reestruturações, fusões ou crises, quando a confiança pode ser abalada. Organizações que cultivam a autenticidade em sua comunicação tendem a construir culturas mais fortes, com maior senso de pertencimento e propósito entre os colaboradores. 2. A confiança como ativo estratégico A confiança é um dos pilares mais valiosos dentro de qualquer organização. Ela não apenas sustenta relacionamentos interpessoais saudáveis, mas também influencia diretamente o desempenho, o engajamento e a retenção de talentos. Em um ambiente corporativo, a confiança se constrói — ou se perde — por meio da comunicação diária, das atitudes da liderança e da coerência entre o que a empresa diz e o que efetivamente pratica. No contexto da Comunicação Interna, a confiança se manifesta quando os colaboradores sentem que podem contar com a veracidade das informações recebidas, que suas vozes são ouvidas e que há transparência nos processos decisórios. A Haze Shift, uma consultoria de inovação e design estratégico, acredita que a confiança é fator fundamental para a inovação. Pois quando a confiança está presente, há maior abertura para o diálogo, mais colaboração entre as equipes e um ambiente propício à inovação. O papel do RH e da liderança é fundamental nesse processo. São eles os principais agentes de influência na cultura organizacional e os responsáveis por garantir que a comunicação seja clara, empática e alinhada aos valores da empresa. Investir em treinamentos de comunicação, promover espaços de escuta ativa e manter canais abertos para feedback são algumas das estratégias que fortalecem esse ativo intangível, mas essencial. Além disso, a confiança é um fator de proteção em momentos de crise. Organizações que cultivam relações de confiança conseguem atravessar períodos difíceis com mais resiliência, pois contam com o apoio e o comprometimento de seus colaboradores. 3. Desinformação no ambiente corporativo A desinformação não é um fenômeno exclusivo das redes sociais ou da esfera pública — ela também está presente dentro das organizações, muitas vezes de forma sutil, mas com impactos significativos. No ambiente corporativo, a desinformação pode surgir por meio de boatos, interpretações equivocadas, falhas na comunicação entre áreas ou até mesmo pela ausência de informações oficiais em momentos críticos. Esses ruídos comprometem a confiança dos colaboradores, geram insegurança, alimentam conflitos e podem afetar diretamente a produtividade e o clima organizacional. Quando os funcionários não têm acesso a informações claras e confiáveis, tendem a preencher as lacunas com suposições ou versões distorcidas dos fatos. Entre as principais causas da desinformação interna, destacam-se: Para combater esse cenário, é fundamental que o RH e a Comunicação Interna atuem de forma proativa, garantindo que as mensagens cheguem de forma compreensível e acessível a todos os públicos da organização. Além disso, é essencial criar uma cultura de verificação e responsabilidade, na qual todos se sintam corresponsáveis pela qualidade da informação que circula internamente. 4. Estratégias para promover mensagens autênticas e confiáveis Para que as mensagens sejam percebidas como autênticas e confiáveis na Comunicação Interna é necessário mais do que boas intenções. É preciso adotar práticas consistentes e sustentáveis que envolvam todos os níveis da organização. A seguir, destacam-se algumas estratégias fundamentais: 4.1. Fortalecer os canais oficiais de comunicação Ter canais bem definidos — como intranet, newsletters, murais digitais e aplicativos corporativos — ajuda a centralizar e padronizar as informações. Isso reduz o espaço para boatos e garante que todos os colaboradores tenham acesso as mesmas mensagens, ao mesmo tempo. 4.2. Capacitar líderes como comunicadores Os líderes são os principais porta-vozes da cultura organizacional. Investir em treinamentos de comunicação para gestores é essencial para que eles saibam transmitir mensagens com clareza, empatia e alinhamento estratégico. Quando a liderança comunica com autenticidade, inspira confiança e engajamento. 4.3. Estimular a escuta ativa e o feedback A comunicação deve ser um processo de mão dupla. Criar espaços para ouvir os colaboradores — como pesquisas de clima, caixas de sugestões e rodas de conversa — fortalece o sentimento de pertencimento e permite ajustes nas mensagens com base nas percepções reais do time. 4.4. Alinhar discurso e prática Nada compromete mais a confiança do que a incoerência entre o que a empresa diz e o que ela faz. Por isso, é fundamental que as mensagens internas estejam alinhadas