Encontrar e reter bons talentos é um desafio para as empresas. Ter compromissos de ESG consistentes pode ser um diferencial. É aí que RH e CI podem agir como ouvintes das necessidades e anseios de colaboradores e comunidades, ou seja, influenciadoras das estratégias de ESG.
Parecer x ser
Se nos anos 1970 acreditava-se que o lucro era o único objetivo das empresas, os anos 1980 trouxeram ideias como capitalismo inclusivo, investimento socialmente responsável e empreendedorismo social. Uma mudança de paradigmas! Será mesmo?
A Natura foi uma das primeiras empresas brasileiras engajadas com causas socioambientais de fato. Nesta época, Rodolfo Witzig Guttilla, sócio-diretor da consultoria CAUSE Brasil, acreditava que “algumas organizações estão fazendo ‘marketing de oportunidade’”.
De fato, o Ipsos Global Reputation Center, em seu guia sobre as mais recentes ideias e práticas em comunicação corporativa, publicado em 2019, mostrou que 29% dos consumidores brasileiros definem as empresas que se posicionam com práticas ESG são oportunistas. Porém, a edição de 2024, mostra que 63% dos executivos acredita que o ESG mudou fundamentalmente a forma como a empresa opera.
“Se algumas organizações estão absolutamente certas e vivem isso, por outro lado, acredita-se que há muitas empresas que dizem ‘é o mês X, então é melhor mudarmos nosso logotipo’, mas eles não têm representação em lugar nenhum.”, afirmação também entre os achados do guia.
E é na tentativa de parecer mais do que ser que muitas empresas acabam dando um tiro no pé. Com os candidatos tendo uma visão do funcionamento interno da empresa por sites como Glassdoor, eles podem verificar se o ambiente, a cultura e as pessoas estão alinhadas às suas necessidades.
Cultura organizacional e as causas sociais
O último guia da Ipsos também revela que 3 em cada 4 cidadãos ao redor do mundo não acreditam que os serviços públicos farão o suficiente em favor das pessoas nos próximos anos. No entanto, os executivos veem os líderes corporativos ultrapassando os políticos nesse aspecto, embora ainda tenham receio de se envolver em debates polarizados.
Há empresas que buscam melhorar sua reputação e visibilidade por meio de patrocínios, mas uma estratégia mal alinhada pode fazer mais mal do que bem. Segundo o guia da Ipsos, a compatibilidade e a relevância cultural são vistas como cruciais, com o patrocínio precisando ressoar com as principais áreas de operação e o propósito da empresa. São nesses momentos que RH e CI devem atuar como influenciadoras das estratégias de ESG.
Se o RH está mais ativo na gestão de pessoas, a CI é quem faz a ponte da comunicação e da cultura com as pessoas. Ou seja, presume-se que elas possam ajudar a definir com quais causas sociais os colaboradores mais se identificam e encontrar congruências entre as estratégias de ESG da empresa, ou até sugerir novas oportunidades.
RH, CI e ESG na prática
Na verdade, 78% dos líderes passaram a entender agora que a aquisição de talentos não é uma tarefa autônoma e tornaram como objetivo ter um impacto social mensurável no desempenho de negócios. Desse modo, o RH passa a operar desenvolvendo estratégias considerando os objetivos gerais da empresa e de forma mais conectada aos diretores. Não se trata mais de contratar talentos, mas de agregar valor (tanto para a empresa, quanto para a pessoa contratada).
As pessoas estão cada vez mais atentas ao impacto social das empresas. Nesse sentido, um relatório produzido pela Data-Markers em parceria com InPress, sobre a atuação das marcas no Rio Grande do Sul, revelou que 3 em cada 4 brasileiros passam a ter sentimentos negativos por marcas que não tomam atitude em desastres climáticos.
Lembrando que a estratégia da empresa precisa estar alinhada a essas ações. Se 89% dos brasileiros passam a admirar uma marca que apoia vítimas em casos de desastre climáticos, apenas 7% não passariam a ter uma opinião negativa se a marca explora a tragédia em benefício próprio.
Quando CI entra no jogo?
Assim como o RH, a área de CI é uma mediadora do diálogo entre empresa e empregados. Como ela está no dia a dia de diferentes projetos e equipes, existe a oportunidade de ser os ouvidos da empresa, entendendo melhor as expectativas e temáticas de ESG que, de fato, podem ser atrativas para as pessoas – de dentro e de fora.
Usar esse entendimento para refinar as estratégias com a diretoria e focar os investimentos no que também faz sentido para a comunidade pode ser um feliz caminho para potencializar a percepção positiva da empresa.
Aqui na Supera contamos com consultoria de especialistas para auxiliar você nas suas iniciativas e comunicação em ESG. Fale com a gente!